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Amsterdam, day 6


Seis dias embarcada, que pareceram sessenta dias longe de casa e seiscentos dias de aventura.

Foram cinco dias em que tudo mudou. Passei de um quarto só para mim, para um quarto com mais três raparigas, de aproximadamente 4 metros quadrados. Passei de uma mesa de cinco pessoas para uma sala de jantar de quarenta. Passei do beijinho de boa noite dos meus pais, para o balanҫar das ondas que me faz adormecer.

Saltei de um mundo para o outro, e estou a adorar.

Tenho escrito, no meu diário de bordo, aproximadamente seis páginas por dia. São tantos os acontecimentos e pensamentos, que a caneta já está a ficar sem tinta.

No sábado passado (17-10, o dia do embarque) despedi-me do meu pai, que me deixou no barco e apanhou o avião de volta para o Faial. Foi-me muito difícil, ainda para mais porque foi o abrir da nova porta, mergulhei, sem qualquer tipo de proteção, nesta nova aventura.

Os primeiros dois dias foram particularmente difíceis.

Ainda que acompanhada por um português, a adaptação a uma cultura diferente é sempre difcíl. Senti-me bastante sozinha.

A barreira da língua e a distância de casa foram os únicos temas que ocuparam o meu pensamento durante dois dias.

Só pensava que queria desistir e que isto não era o que eu queria.

Hoje, ainda que cada passo seja um passo numa nova realidade, sinto que estar a bordo do School at Sea, é uma oportunidade ótima e vai ser, sem dúvida alguma, uma experiência inesquecível.

São muitas as atividades que fazemos diariamente. Desde visitar um museu a limpar casas de banho. Desde aulas de vela a encontrar determinados livros numa biblioteca de seis andares. Sendo todas estas atividades indispensáveis para que o School at Sea funcione.

As aulas ainda não começaram, mas já estou a trabalhar no meu holandês. Já sei meia dúzia de palavras e os números até cem. Espero conseguir perceber o que eles dizem o mais rápido possível!

Ante-ontem tive, pela primeira vez nestes seis dias, acesso ao meu telemóvel. Foi, provavelmente, a primeira vez em que eu senti a pura e importantíssima função do telemóvel – comunicar.

Antes de entrar no barco era uma prisioneira do telemóvel, 24/7. Estava sempre a olhar para o ecrã, mas não estava a comunicar. Facebook, snapchat, instagram, messenger, tudo e mais alguma coisa. Comunicação? Zero.

Agora, que não tenho qualquer possibilidade de, sequer, olhar para o telemóvel, sinto-o como uma ferramenta fundamental para ligar à família a dar sinais de vida e contar tudo o que se passa e para mandar uma mensagem aos amigos a dizer que estou bem.

Durante uma hora tive o telemóvel.

Senti, pela primeira vez, uma alegria absolutamente genuína de ouvir uma voz do outro lado da linha. Foi uma hora que passou a correr, mais pareceu dois minutos.

Foi, de facto, ótimo falar com amigos e família, por muito que tenha sido por muito pouco tempo.

Quando um dos professores anunciou que a hora de telemóveis tinha chegado ao fim, as emoções vieram ao de cima. Fiquei triste, com saudades, a pensar se conseguia aguentar os seis meses.

Assim que desliguei o telemóvel, foram muitos os abraços e palavras de conforto que recebi. Amigo português e amigos holandeses. Pela primeira vez (sim, está a ser de facto uma semana de “primeiras vezes”) senti a família que se forma a bordo. São seis meses com o mesmo grupo de pessoas, em que todas estão a passar pelas saudades e dificuldades de estar longe de casa.

Estamos a iniciar uma aventura juntos e compreendemo-nos mutuamente.

São todos muito simpáticos e disponíveis.

Todas as dúvidas iniciais desapareceram. Ainda que seja tudo novo, isto é o que eu quero e estou a adorar.

Antes de ir, um dos meus novos colegas holandeses achou por bem deixar uma mensagem aos portugueses:

Dit is een klein stukje geschreven door een nederlander speciaal voor de portugese/azoriaanse lezers. ( = Este é um pequeno texto escrito por um holandês, especialmente para os leitores portugueses/açorianos).

Blue Ju


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